Caixa de diálogo para ativação de notificação — um estudo de caso
“Eu aprendi que as pessoas vão esquecer o que você disse e o que você fez, mas nunca esquecerão como você as fez sentir.” — Frase atribuída a Maya Angelou
Estou em transição de carreira, da docência para o universo UX (User Experience). Em uma de minhas aulas do curso de Ux Writing, da Aldeia, a pofessora Rafaela Marchetti, sensasional, explicava sobre caixa de diálogos. Então ela apresentou a ideia de que essas não devem ser usadas nos sites o aplicativos, salvo em casos em que haja algo importante a ser comunicado ao usuário. Isso porque elas (as caixas de diálogo) interrompem a experiência.
A explicação seguiu, e o foco eram as caixas de diálogo do tipo Call to Action, usadas, em sites na versão para computadores, para engajar o público a ativar as notificações da marca. Essas mensagens informam sobre notícias, aulas gratuitas, ofertas, textos recém postados em blogues, lançamentos de novos produtos, entre outras, a depender da marca.
Essa caixa de diálogo é simples, composta por uma microcopy, um texto explicativo, que convida o usuário a ativar as notificações para ter um contato mais próximo com a marca. No caso da Petlove, a informação oferecida é de que a empresa quer avisar sobre promoções. Daí vem a ação do usuário, aceitar receber essas notificações ou não, clicando um dos botões da caixa.
Eu, usuária, não gosto de ativar essas notificações. E a razão é simples: quando a notificação chega em minha tela, perco o foco da tarefa que eu estava realizando. Prefiro notificações por e-mail, essas funcionam muito bem para mim. Contudo, vale outra reflexão, na verdade uma lição que aprendi neste curso e que tem me ajudado a pensar na carreira docente também (sem perder o foco!).
“Uma das lições mais difíceis da usabilidade é constatar que ‘você não é o usuário final’. Se você trabalha em um projeto de desenvolvimento, você já é um usuário atípico por definição”. Jacob Nielsen
Ok, o projeto não é meu, mas eu não sou a usuária final prototípica de todos os sites que acesso. Meu olhar precisa ser outro, então vamos treinar o olhar, e o ponesamento. O que não funciona comigo, funciona com outras pessoas — e façamos pesquisa para comprovar como!
Voltemos ao ponto. Em certa altura da aula, ao analisar alguns exemplos da caixa de diálogo em questão, a profa me chamou a atenção para uma ideia fundamental, outro ponto importante quando pensamos nos usuários.
Cuidado para não provocar um sentimento ruim no usuário, na tentativa de o levar a fazer algo que a marca quer.
Quando a gente não presta atenção a este detalhe e resolve ser descontraído, ou fazer uma piadinha para se aproximar do usuário, ou não leva em consideração o perfil da totalidade do público da marca, o resultado pode ser a aversão, e não a atração.
Estudo de Caso
Nesse momento, lembrei-me do exemplo a seguir, de uma empresa de preparação para concursos — Gran Cursos . No momento em que a professora mostrou o exemplo dela, esta mensagem veio imediatamente a minha mente.
O texto principal cumpre seu papel, pergunta ao usuário se ele quer “receber aulas gratuitas e notícias sobre concursos”. Contudo, os botões… O “já sei tudo”, em caixa alta, a mim, soa rude. Eu, como usuária da maca, antes de Ux Writer, fiquei extremamente incomodada quando vi o “Já sei tudo” como mensagem de recusa.
Minha tendência natural, como já expliquei, é recusar esse tipo de proposta. Essa seria apenas mais uma caixa de diálogo fechada entre tantas no mundo web. E por que eu nunca me esqueci dessa mensagem, a ponto de me lembrar dela durante uma aula? A sensação negativa que ela me passou foi inesquecível. Apertar o “Já sei tudo” é dizer: sou arrogante, não quero me abrir para o aprendizado. Resultado: fechei a página.
Ainda bem que eu não sou a usuária prototípica da marca, caso o contrário a empresa não estaria tendo os expressivos resultados que está. Mas será que mais alguém se sentiu incomodado com o “Já sei tudo” — em caixa alta? Espero que não.
Procurei outras empresas do mesmo segmento (educação, preparação para concursos) para observar como eram as mensagens desta caixa de diálogo. As outras que encontrei me pareceram mais amigáveis e assertivas. Seguem exemplos.
Aqui temos uma pergunta acerca de“receber notificações sobre concursos e aulas gratuitas”, microcopy básica e eficiente — a meu ver, claro que, para comprovar minha hipótese precisamos de pesquisa com usuários, mas… Como CTA, sim ou não. Simples, sem caixa alta, sem ponto de exclamação.
Aqui, a marca usa um vocativo para se dirigir a seu público. Nele já há identificação com quem se fala, afinal, o público-alvo é formado por quem está se preparando para concursos público. Aqui a ressalva seria a marca de gênero (masculino em Concurseiro). A microcopy convida a “receber novidades, ofertas e conteúdos gratuitos”. As caixas de diálogo anteriormente analisadas tinham outra proposta. O CTA vem com um gentil “Não, obrigado” (com marca de gênero e sem exclamação) em oposição ao urgente “Quero, agora!” (com exclamação).
Aqui temos uma caixa de diálogo básica, talvez, padrão da plataforma em que foi criada. Simples, cumpre o seu papel e ainda tem no sininho uma lembrança visual. Eficiente? Pesquisa com usuários!
Empresas de outros segmentos
Esta é mais uma caixa de diálogo básica, objetiva, e com um diferencial, informa ao usuário que, no caso de ele ativar as notificações, pode desfazer o comando quando quiser.
Mais uma caixa de diálogos básica, sem vocativo nem firulas. Aqui o texto da microcopy segue uma direção diferente, no lugar de perguntar se o usuário quer receber notificações, ela informa que a empresa quer se comunicar com o usuário. Nesse caso, cabe a quem lê aceitar ou não. Aqui fiquei curiosa para verificar se essa proposta engaja mais que o outro modelo.
Como usuária, sempre me incomodei um pouco com a caixa de diálogo para ativação de notificações, sobretudo pela rudeza no texto de algumas. Agora, quando fui realizar esta pesquisa, tive a impressão que esse é um recurso que vem sendo menos, ao poucos, desativado nas páginas.
Estou iniciando os estudos na área, então, pode ser que este artigo tenha algumas atualizalizações, a medida em que eu for me deparando com novas caixas de diálogo do modelo-alvo. Como ainda não tenho um produto, não posso testar a eficiência da caixa de diálogos para ativação de notificação como ferramenta para engajamento de público, principalmente em comparação com o e-mail, por exemplo.
Por enquanto, só tenho a hipótese de que o último, apesar de mais tradicional, digamos, ainda seria mais eficiente, sobretudo para certas faixas etárias. Se alguém tiver notícias de estudos ou dados para me ajudar com a reflexão aqui iniciada, vou gostar muito de receber as referências. Agora fiquei ainda mais curiosa. E vamos lá!
